Foz do Jordão - Vereadores denunciam Prefeitura pela compra de pneus do Paraguai em contrato de quase R$ 300 mil

Pneus foram comprados em dois contratos que previam a aquisição de produtos nacionais; Vereadores chegaram a pedir uma CPI, mas somente dois assinaram, o que impediu a abertura dos trabalhos; Seis, dos nove vereadores possuem parentes na Prefeitura

Dois vereadores de Foz do Jordão estão denunciando a Prefeitura Municipal pela compra de pneus do Paraguai. A licitação realizada em 2014, previa a compra dos produtos da marca Firestone por um valor total de 299,8 mil, porém, segundo demonstra a investigação dos parlamentares, a marca adquirida foi a “constansy”, no Paraguai. A denúncia foi protocolada no Ministério Público que segue investigando o caso. O contrato 63/2014 pagou mais de R$ 266,4 mil e o contrato 64/2014, R$ 33,4 mil. Uma CPI ainda foi requisitada, porém não houve o número de assinaturas suficientes. De acordo com os denunciantes, a indicação de familiares dos vereadores para o poder público municipal tem dificultado as fiscalizações.

Para o vereador Paulo Cesar Bueno (PC do B), diversos vídeos demonstram que os pneus não são os negociados na licitação. “A investigação começou com boatos na cidade, onde a prefeitura estava usando pneus do Paraguai, levamos isso para a Câmara e depois levantamos por meio de vídeos, as marcas dos Pneus e é claro, denunciamos no Ministério Público toda essa situação. Todo o processo licitatório estava pneus Firestone e Bridgestone, ao contrário do que aconteceu”, argumentou.

Outro vereador que realizou a denúncia, Aguinaldo Oliveira (PSL), houve diversos indícios que levaram a investigação sobre os veículos. Segundo ele, a licitação era para um produto, mas a aquisição foi sobre outro. “Fomos atrás e descobrimos que a frota já estava rodando irregular e o município com pneus importados, comprados no Paraguai, quando a licitação mostra outra coisa, que era para aquisição de produtos nacionais”, afirmou.

Uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) foi assinada apenas pelos vereadores que denunciaram o caso e não pode ser instalada. O detalhe, é que segundo os legisladores, a maior parte dos componentes da casa possui algum parente dentro da Prefeitura, o que impede a fiscalização dos atos do município. “É preciso transparência, inclusive com a CPI, mas que os vereadores não quiseram porque a maioria ou tem um irmão na prefeitura ou a esposa, então isso impede as assinaturas”, disse.

Aguinaldo também confirmou a falta de assinaturas de outros vereadores. “Até entramos com a possível CPI e o que a gente está levantando as questões é que hoje a maioria possui algum parente, e isso está prendendo o voto dos vereadores pelo executivo, não só nisso, mas em requerimentos e outros projetos”, destacou.

Segundo as publicações oficiais do município, seis vereadores, estão com parentes nomeados. O presidente da Câmara Municipal, Glaciano de Oliveira, possui a esposa, Elisangela Tavares de Oliveira como secretária de Finanças e o irmão Fabiano de Oliveira como secretário de Administração. O vereador Tertuliano Fonseca de Ramos (PSD), possui a esposa Perpétua Custódio de Ramos como chefe do departamento da Secretaria de Serviços Rodoviários. A chefe de departamento na Secretaria de Assistência Social, Sirlene Aparecida Severiano é esposa do vereador Antônio dos Santos (PTB).

Quem também possui parentes é o vereador Izoclides Clein (PSD), com a irmã Roseli Clein e a esposa do primo, Cleia Vornes Clein como secretária de Educação. Já o vereador Valdir Padilha (PSC) tem o filho Douglas Padilha na prefeitura. Osmar Presa ainda tem o irmão Francisco Presa nomeado no município.

Os sete vereadores que não assinaram a CPI foram procurados na manhã de hoje (20), mas não retornaram as ligações.

Prefeitura afirma que abriu comissão para investigar o caso

A Prefeitutra de Foz do Jordão enviou uma nota afirmando que soube do boato e instalou uma Comissão de Sindicância para apurar os fatos, antes inclusive do próprio Ministério Público. Segundo o prefeito Neri Quatrin, o procedimento administrativo disciplinar está na fase final para apurar quem é o responsável pela troca dos pneus.

Por outro lado, não houve um posicionamento do executivo municipal se houve uma atitude quando os equipamentos começaram a rodar em 2014.

Audio :