terça-feira, julho 16, 2013

Ministério da Saúde investiga médicos que conseguem trabalhar mais de 24 horas por dia

Sistema usado para fiscalizar profissionais do setor público aponta indícios de fraudes, com carga horária superior a 24 horas por dia nos 7 dias da semana

O Cadastro Nacional de Estabelecimento de Saúde (CNES), do Ministério da Saúde, mostra que cerca de 250 profissionais do setor conseguem, em tese, trabalhar por mais de 200 horas na semana. O número desafia o relógio, superando a carga horária de 24 horas por dia durante os sete dias da semana, que totaliza 168 horas. Isso evidencia que o CNES, criado há 12 anos, ainda apresenta informações desatualizadas e inconsistência nos dados que abrem brecha para fraudes. Uma consulta ao cadastro mostra ainda que há médicos com mais de dois empregos públicos, o que é ilegal, e autônomos que chegam a ter dezenas de vínculos.
O Ministério limita em até dois cargos o número de vínculos públicos de um profissional do setor. No CNES, constam aproximadamente 300 servidores nessa situação. Em relação ao setor privado, deve haver justificativa para o excesso de horas em mais de cinco estabelecimentos.
A incoerência das cargas horárias abre possibilidade para que o sistema seja burlado. Médicos empregados no setor público podem, por exemplo, não cumprir a carga horária declarada no sistema ou até prefeituras que mantêm médicos que deixaram de atuar na cidade em seus registros para não perder repasses federais. Há também casos em que o sistema não foi atualizado, dificultando a fiscalização do Ministério.
O presidente do Conselho Regional de Medicina do Paraná (CRM-PR), Alexandre Bley, reconhece que é possível que existam fraudes no sistema. “Pode existir que médicos atuem, por exemplo, duas horas na unidade de saúde quando deveria trabalhar mais. Não podemos ser puritanos, mas nesse caso há conivência das secretarias de saúde locais”, ressalta.
Segundo ele, não há nenhuma denúncia de profissionais que não cumprem a jornada de trabalho. “Mas também podem existir casos em que o gestor público mantém o nome do profissional para fazer corpo clínico, como no caso do Programa Saúde da Família e não perder recursos federais”, suspeita Bley.
Suspeitas na região da cantu
Para o especialista em administração pública Rodrigo Junkes, a situação precisaria ser investigada. “É possível ser apenas falha no sistema como também fraudes. 
Se o profissional diz que está no posto de saúde e não está, quem sofre é a população”, afirma. Segundo o superintendente de gestão da Secretaria Estadual de Saúde, Paulo Almeida, a falta de atualização é um dos problemas do CNES. “Se o profissional tiver vínculo em mais de dois empregos públicos ele não pode assumir outra vaga. Caso o gestor mantenha um cadastro de propósito é necessário puni-lo”, ressalta.  
Na região da Cantu, oito municípios estão sendo investigados, e logo pode sair algumas penalidades se comprovar tais irregularidades.....
Reportagem Hercules Folador - Jornal de Noticias

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